Mudam-se os tempos, mudam-se as aparências?

A mudança dos tempos traz naturalmente mudanças na forma como se encaram diferentes aspectos da vida. Com essas variações tem-se verificado o aliviar de alguma formalidade em diversas situações.

Há umas dezenas de anos atrás, a formalidade ia até à praia. A par dos mais jovens que já ousavam o fato de banho, viam-se as pessoas de mais idade com as vestes com que acompanhavam as actividades do seu quotidiano.

Quando as mudanças acontecem de forma progressiva, e com determinada lógica, traduzem a salutar evolução das mentalidades através dos tempos.

No entanto, as mudanças trazem também situações grotescas protagonizadas pelos menos preparados que rapidamente desenvolvem uma “interpretação mais lata” das alterações.

Actualmente há quem leve a descontração da praia para o centro comercial, para uma qualquer repartição, até para o consultório médico e para o aeroporto. Nestes locais são desfilados calções, chinelos e as muito arejadas t-shirts de manga caveada. Também para alguns, o fato de treino parece ter deixado de servir para aquilo para que foi criado – o desporto, e passou a traje de passeio sendo frequentemente exibido em locais onde as actividades nada têm de desportivo.

Ocasiões diferentes, mas não menos ridículas, são as protagonizadas por figurinhas que atingiram o “estrelato” por via da política, do futebol, dos meios de comunicação social ou de outras formas de ascensão meteórica e que desfilam a sua deselegância e mau gosto nos tapetes vermelhos das galas da vulgaridade.

Inexplicavelmente a noção de civilidade parece ser inversamente proporcional ao acesso à informação. Não obstante o nível de escolaridade ser cada vez mais alto e cada vez mais fácil o acesso à informação global (apesar da dubiedade de algumas das fontes da internet) são cada vez menos as pessoas capazes de saber adaptar a sua apresentação pessoal à ocasião, reflexo da sua ignorância no que às regras da civilidade respeita.

Assim é cada vez mais acentuado o fosso entre quem sabe estar e quem não tem noção da conveniência.

“Elegância é uma aptidão especial que deve ser desenvolvida, acontece quando a educação e o bom gosto se unem.”

Manuel Pereira de Melo

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