Saudação e cumprimento são actos de civilidade e manifestação de respeito dirigidos a alguém, seja de viva voz, seja por escrito.
Quando usados por escrito são transmitidos através de fórmulas estabelecidas. “Atentamente”, “Atenciosamente”, “Respeitosamente”, “Com os cumprimentos”, são fórmulas dirigidas a alguém com uma relação circunstancial ou a um desconhecido. Quando exista intimidade as fórmulas usadas poderão ser: “Com um abraço”, “Um beijo”.

A diferença entre saudar e cumprimentar pode ser muito ténue e apresentar algumas dúvidas aos mais preocupados com a questão.
Sem pretender criar definições, o acto de saudar consiste na formulação de um desejo para que outra pessoa “passe bem”, tenha um “bom dia”, uma “boa tarde” ou uma “boa noite” e pode assumir a forma de pergunta “como está?”, “está(s) bem?”.
O cumprimento sendo também uma forma de saudação normalmente envolve as palavras e o uso de gestos, baixar de cabeça, levantar o chapéu (apenas os homens o faziam levantando a aba do chapéu para melhor serem reconhecidos), acenar, aperto de mão, abraço, beijo, beija-mão, entre outros.

As formas de saudação ou de cumprimento variam muito de acordo com os costumes culturais.
A curvatura da coluna em forma de vénia é tradicionalmente usada em praticamente toda a Ásia, mas a sua execução varia muito de país para país. Por vezes é acompanhada de aperto de mão, principalmente ao cumprimentar ocidentais.
Entre japoneses a vénia Ojigi, é a forma tradicional de saudar e cumprimentar. Dependendo da inclinação usa-se em diferentes situações. A inclinação de 15º, Eshaku, é normalmente usada para situações do quotidiano, tais como saudar alguém conhecido que passa ou ao agradecer ao sair de um restaurante. A vénia com inclinação de 30º, Keirei, emprega-se durante as apresentações e outras formalidades. Saudação padrão, usa-se também para cumprimentar os amigos e familiares. A vénia com inclinação de 45º, Saikeirei, a mais cerimoniosa, deve ser usada nos primeiros encontros e com pessoas de alto estatuto. Demonstração de profundo respeito é também usada frequentemente para apresentação de desculpas. Existe também uma inclinação de 90º, Dogeza, normalmente usada para pedidos de perdão por uma falta muito grave em escândalos públicos. Uma destas situações aconteceu há uns anos atrás e foi protagonizada por um político que tendo sido acusado de desvio de verbas públicas, apresentou-se perante o parlamento fazendo esta vénia como pedido de perdão a toda a nação. Arrependido e envergonhado, suicidou-se no dia seguinte.

Nas Filipinas, como demonstração de respeito, os jovens saúdam os mais velhos segurando a sua mão direita, curvam-se lentamente para a frente e encostam os dedos da pessoa mais velha na testa e dizem Mano po.
Quando se recebe alguém em casa na Mongólia presenteia-se a pessoa com o Hada, uma faixa azul de seda e algodão. O convidado deve esticar a tira e curvar-se suavemente para a frente com o apoio das mãos de quem lhe deu o presente.
Em algumas tribos do Tibete, mostrar a língua para as pessoas, é um acto de cumprimento.
Em grande parte da Índia, juntar as palmas das mãos, à altura do peito e sob o queixo e fazer uma ligeira inclinação da cabeça e do corpo, desde a cintura é o cumprimento tradicional Namaste que honra e lisonjeia o interlocutor. Noutras regiões é mais frequente o uso do Noamaskaram, uma forma idêntica que difere no facto das mãos serem colocadas em frente ao rosto.
Ainda na Índia e também nos países árabes, é comum ver-se os homens caminharem de mãos dadas como forma de demonstração de amizade. Entre árabes bem como em França, Itália e Argentina é comum os homens cumprimentarem-se com beijos nas faces.
Russos, gregos e turcos podem ir um pouco mais longe tanto em número de beijos, 3 a 4, como na proximidade, chegando mesmo a beijar-se na boca em determinadas situações.

Para se cumprimentar, os esquimós tocam-se com a pontinha do nariz enquanto os Inuit, indígenas que vivem nas regiões árticas do Canadá, possuem a tradição de demonstrar afecto cheirando o rosto de um amigo ou familiar. Para cumprimentar esfregam o nariz no lábio superior da outra pessoa.
Os Maoris, da Nova Zelândia, cumprimentam-se apertando os rostos, nariz contra nariz, com força.

Em África também se usa o vulgar aperto de mão, mas existem algumas variantes. Numa delas apertam as mãos direitas, encaixando seguidamente as pontas dedos nas do parceiro e encostando os polegares na vertical, fazem um estalar de dedos com o polegar e médio e levam a mão ao coração. Noutra versão, apertam as mãos direitas com as esquerdas pousadas na zona interior dos braços direitos (altura do cotovelo), elevam e baixam as mãos uma vez, interlaçam os polegares, levantam os braços num ângulo recto e terminam baixando-os.
No Zimbabwe, as pessoas têm a forma singular de se cumprimentar na rua batendo palmas. Palmas rápidas podem significar “obrigado”, na cultura local.
No Quénia e na Tanzânia, a tribo Masai, tem o costume tradicional de cuspir como forma de saudação. Os mais velhos cospem nos mais novos, enquanto a situação contrária exige que o mais novo cuspa na própria mão antes de a oferecer ao de mais idade.

O convívio com costumes culturais diferentes é muito enriquecedor, mas casos há, como o último descrito, em que é preferível ser menos ambicioso.

Manuel Pereira de Melo