… Na agricultura
O Vinho foi sempre uma enorme paixão e trabalhar no sector era o grande objectivo.
Em 1990, surgiu a oportunidade e ingressei numa das mais importantes empresas de vinhos portuguesas com a responsabilidade de gerir mercados externos. O enólogo responsável naquela empresa era Anselmo Mendes, um dos mais prestigiados enólogos da actualidade e responsável por muito do que de melhor se faz em Portugal em matéria de vinhos.
O relacionamento profissional trouxe a amizade.
Um dia em conversa falei-lhe da minha pequena propriedade em Santa Comba Dão onde possuía meia dúzia de pés de vinha. Mostrou interesse em conhecer o meu “latifúndio”.
Apaixonado pela região do Dão e pelos seus vinhos empurrou-me para a agricultura.
Mais habituado ao ritmo das actividades urbanas, os primeiros tempos foram bastante atribulados. O hospital passou a ser o meu health club, tal era a regularidade com que o visitava para recuperar a saúde. Ora porque as hastes das videiras me vergastavam os olhos com violência, quais capatazes coloniais ora porque os utensílios nas minhas mãos invariavelmente entravam em auto-gestão e se revoltavam contra o “controlador”.
Com o apoio técnico de quem percebia do assunto lá se plantou uma vinha com todos ingredientes para a produção de um vinho excepcional.
À moda dos franceses e para embelezar a vinha plantaram-se roseiras nos extremos dos bardos. Para além do aspecto estético as roseiras desempenham o papel de alertar para o aparecimento de determinadas doenças das videiras que se manifestam primeiramente nas roseiras.
Entretanto construiu-se um espaço premeditadamente agradável para albergar uma adega e garrafeira bem equipadas e uma sala com todo o conforto para muitas provas e posteriores reflexões.
Moldado e harmonizado a uma nova vida de muita insistência, persistência e diligência para a labuta, em 2004, ano frutuoso, nasce o meu vinho Primado e a minha primeira filha, a Maria Sofia. Doze anos passados surge um novo fruto, a Maria Benedita. Agora imagino o futuro com as duas a tratar do negócio e eu a controlar a partir de uma poltrona no jardim, rodeado de amigos e dos bons néctares que as Marias me vão trazendo.
Manuel Pereira de Melo