Primado – o nome e a imagem

Quando decidi produzir um vinho, naturalmente surgiu a questão do nome.

Naquela época uma grande parte dos vinhos continha “Quinta” nos seus nomes, apesar de muitos não serem produzidos a partir de uvas exclusivamente provenientes das referidas quintas.

Ainda que o nosso vinho fosse produzido apenas com uvas nossas, decidi que não queria que o nosso fosse mais um “Quinta”.

Quis, antes, que o nome espelhasse a essência do vinho. Desejava também que fosse fácil de pronunciar na nossa língua e por falantes de outras.

Assim cheguei à palavra Primado com o significado de primazia, superioridade, supremacia, expressões que tão bem caracterizavam os nossos desígnios para o projecto.

Entretanto era necessário criar uma imagem capaz de transmitir o espírito do vinho. Beneficiando da ventura de ter como amigo um dos mais premiados designers portugueses, João Borges, pedi-lhe que dedicasse alguma da sua mestria à concepção gráfica dos vários elementos. O trabalho que me apresentou não poderia ser mais coincidente com a minha pretensão. Nenhum detalhe foi esquecido e deixa-me especialmente satisfeito que tanto a imagem como o nome do Primado sejam reiteradamente elogiados.

Aqui fica o testemunho de João Borges sobre o trabalho Primado.

 

Designer da imagem do rótulo PRIMADO

O ano de 2007 foi um dos anos de viragem na minha carreira profissional, quando comecei a privilegiar propostas de alguma dimensão e a protelar outras mais pequenas. Declinava alguns convites de design gráfico, de uma ou duas “aplicações”, para me poder dedicar ao desenvolvimento de trabalhos de museografia e ambientes. Era a minha transição do design puramente gráfico para a museografia e cenografia de exposições, onde me sentia a “viver” o design de comunicação! Neste período, de ambição por projetos mais complexos, o meu amigo Manuel Pereira de Melo encetava, aquilo que é hoje, a produção de um vinho de Excelência. Já tinha tido a fugaz experiência de desenhar alguns rótulos, a convite de alguns, reconhecidos, hoje em dia, enólogos, mas o Primado era um convite irrecusável, até, por razões pessoais! E, ainda hoje, é o Meu rótulo. Nas conversas que mantivemos, na altura, sobressaiu a noção de ramagem, sobriedade, personalidade, raiz, elegância, sabor, intemporalidade. Tudo termos que alio também à personalidade do Manuel Pereira de Melo. Lembro-me de não ter executado muitas maquetes, acho que não. O rótulo aconteceu quase como ainda permanece: uma “dança” de ramagens, com uma textura manualista, cursiva, preenchida com uma só cor, que desenham o espaço onde aparece o nome (escrito com uma fonte serif), de timbre classista. Entre versões, ao longo destes anos, o rótulo em garrafa tem permanecido idêntico nos seus principais detalhes. Até acho que deve assim permanecer pois o que importa é o desenvolvimento do vinho que alberga! Não estou certo que o design do rótulo esteja à altura do vinho… brindemos ao Primado!!

João Borges

Atelier João Borges

Sugiro a consulta da extensa obra e do brilhante currículo de João Borges em atelierjoaoborges.pt

Manuel Pereira de Melo

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